O “Universo Meu Umbigo na República da Primeira Pessoa do Singular”…

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Sem generalizar, como sempre, eu ainda acho que o show bizz e o mundo do áudio em geral, andam muito chatos na “República da Primeira Pessoa do Singular”!!!… Todo mundo sabe tudo, são bons pra caramba, formadores de opinião convictos, mas se esquecem de que a nossa assinatura no mercado não é o que nos pagam, mas sim a nossa postura, essência e no que nos transformamos entre botões e stages!!!

Há muito pouco tempo atrás era muito raro ouvir o “não faço com essa mesa”, “não faço com esse monitor”, etc… Seja ‘pro’, faça com todas!!! Existe um abismo gigantesco entre “o seu equipamento é uma …” e “infelizmente o seu equipamento não poderá servir ao meu rider técnico nesse evento”!!! Não sabemos o que determinada empresa teve que passar e, naquele momento, só ter condições de oferecer o que nos enviou no contra rider, certo??? Cuidado com as palavras galera… Obviamente, se os técnicos das empresas não dormiram em cases e tomaram um bom banho quente, deixar bem claro o que pode ser melhorado para que possamos melhorar resultados em um próximo evento é regra!!!

E como era (e ainda é) bom discutir concepção e essência, antes de saber quantos plug-ins a mesa comporta, ou olhar primeiro pra dentro do estúdio, antes de questionar qual a versão do software disponível ou suas atualizações… Um dos  melhores plug-ins ainda é um grande roadie e uma boa conversa técnica ainda é uma grande máquina de efeito… O resto é saber solicitar e utilizar as ferramentas disponíveis… Simples assim!!! Os riders técnicos existem pra isso… Quer ser famoso e marcar uma assinatura só no papel??? Escreva um bom livro!!!… Hahahahaha.

É tão “fato” ter a paranoia saudável de não errar, mandamento absoluto que nos foi impregnado pela competência do Peninha nos tempos de Stage Brainz, que se torna assustador constatar que as pessoas não tem mais isso no sangue!!! O famoso “é o que temos para hoje”, está criando um mundo paralelo horripilante no mercado, e o reflexo está aí para quem quiser ver (e principalmente ouvir)!!!…

Quando existe essência, ela gera comprometimento, que por sua vez cria um circulo de atitudes e posturas que não podem ser diferentes do “fazer direito”…

Eu tenho um imenso orgulho dos meus ídolos no mundo do áudio e dos muitos profissionais dedicados, pois a cada dia que minha admiração por todos eles cresce, mais tenho a certeza que a luz no fim do túnel nem sempre é o trem!!!… Boooooooooora…

Abraços!!!

O Festival Recbeat…

BeFunky_null_1.jpgDesde que tomei contato com esse Festival para mixar os monitores, sem dúvida um dos mais ricos do país, pela quantidade de informações que oferece, pela música e cultura, pelo astral das pessoas envolvidas, público, e pela localização geográfica, eu ficava contando no calendário os dias e as horas pro Carnaval… Virou um verdadeiro vício…!!!

Quando uma banda tipo a Nação Zumbi, Lenine ou o Cordel do Fogo Encantando entravam no palco, lá pelas duas da manhã da Terça-Feira de Carnaval, já batia em todos da equipe técnica e produção aquela sensação muito boa de missão cumprida mais uma vez! Desde a “casa nova” (uns três quarteirões mais pro lado: da Rua da Moeda pro Cais da Alfândega) o festival ficou ainda mais alucinado, se é que isso é possível…rs.

Com toda a loucura técnica do Festival (hoje as digitais resolveram a parada, mas por muitos anos utilizamos apenas uma mesa de PA e uma de Monitor pra mixar 30 bandas, “longos” quinze minutos pra troca de palco, sem contar a adrenalina a mil e três ou quatro horas de sono por noite… rs) eu ainda quero passar muitos carnavais no Recife por conta do Recbeat!!!

Na verdade, quando me perguntam sobre o que é o Recbeat e o Carnaval de Recife eu não consigo descrever exatamente… Apenas digo: vai pra ver como é!!! A variedade artística/cultural do Recife é sensacional, e eu considero de longe o melhor pólo do País… No Recbeat da para ouvir de Samba de Coco aos Beatles, de Maracatus aos Eletrônicos, do Rock’n’roll & Blues ao Tango & Carimbó… uma verdadeira viagem!!!

Muito obrigado a todos os amigos que tenho fiz e tenho feito na música por conta do evento, aos maninhos envolvidos na produção e na técnica… Can (meu Pitbull predileto… rs), Fernando Narciso, e toda a “turma da graxa”…

Um beijo especial a todos da produção e principalmente ao Guti pela ousadia da “empreitada”!!! Muito obrigado mesmo por ter me acolhido na equipe, nos anos que participei com muito orgulho do evento!!!

Até o próximo!!!

O “Moshinho” da Pompéia… “Moshinho”???… Jamais…

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Bom… Pra começar, que tal trabalhar com gravador MCI JH-110 8 canais, mesa Sound City de 20 canais, ou com a Soundcraft 2400 24 x 16 (nossa queridinha)… Monitores com componentes JBL, dois mics Neumann U-87, alguns mics Sennheiser MD 421, Shure SM 81, um rack com Harmonizer H910, Eco Roland 201, AKG BX-20, Urei LA-4, Orban De-Esser, Reverb Tapco 2200, etc???… E com brinquedinhos mais “novos”, tipo Lexicon 224XL, Lynn Drums, máquina Lyrec???… Não passou por isso??? Uma pena…Você não imagina a parte divertida e ainda romântica do mundo do áudio que perdeu!!!… Hehehehehe…

Parece que foi ontem o primeiro show dos Pholhas que eu vi “live”, lá no final dos anos 70, na Associação Atlética Caçapavense… Naquela época era uma coisa muito diferenciada no palco… Todas as bandas de baile e shows que eu via não conseguiam metade daquele resultado… A impressão é que eu estava de frente com uma banda gringa no Sábado Som, do Nelsinho Motta nas tardes da Globo… Já era um sinal da competência que um cara chamado Oswaldo Malagutti Jr. já nos mostrava… Sem esquecer, é claro, dos outros malucos Helinho Santisteban nos teclados, Paulo Fernandes (bateria) e Wagner “Bitão” Benatti nas guitarras.

Uma boa parte da engenharia agradece muito até hoje a feliz idéia do Helio e do Oswaldo, de migrar do “live” pro estúdio com a mesma competência… Assim que eu saí do Vice-Versa, pintou um convite pra gravar no Mosh da Pompéia, explícita e carinhosamente chamado até hoje por nós de “Moshinho”… O Ricardo Franja era o cara que comandava o aviãozinho na época, e fui recebido com muito carinho na equipe pelo Oswaldo… (da qual já fazia parte, entre outros, um moleque “pentelho” como assistente de estúdio que queria saber de tudo 24 hs por dia, chamado Luis Paulo Serafim) !!!… Ta bom, ou quer mais???

Foi um grande prazer (e mais ainda um grande aprendizado) ter participado da galeria de técnicos do Mosh naquela época (sem esquecer de citar o figurinha carimbada “Primo”, o Ruizinho)… Centenas de horas na companhia de caras como Eduardo Assad, Serginho Sá, uma infinidade de músicos do primeiro time, grandes artistas e discos inesquecíveis… Bate uma saudade pesada do desafio e da responsabilidade em gravar (em 24 canais), gente que tocava e cantava de verdade, sem termos o medo de “meter a mão” com o comprometimento e a paranóia saudável de não errar!!!…

Ah… mas vc já mixou com Yamaha NS-10 primeira geração (a do guardanapo de papel no drive, mas sem utilizar esse artifício mundialmente famoso), alimentada por um amplificador “caseiro” com o botão do loudness ligado, não é???… Também não???… Bom deixa pra lá… Eu já, o Franja, o Luiz Paulo… Segredos do ofício na casa da Pompéia na época!!!…

Um estúdio que começou com essa “essência” só poderia ter escrito uma história vitoriosa e se transformado no que é hoje em dia… É claro, a dedicação do Malagutti também foi um ingrediente muito especial nessa receita de sucessos!!!… É mais ou menos como a Fórmula 1 esse papo… Todo mundo adora a tecnologia de telemetria, toda a parafernália disponível hoje em dia, mas a saudade dos tempos de trocar marchas na mão e ganhar o “jogo” na raça é imensa!!!… O Pro Tools e outras ferramentas fazem milagres, mas não editam a história (ou melhor, as histórias, que não foram poucas)!!!…

Thanks Oswaldo… Por ter me acolhido na equipe naquela época e, principalmente, pelo comprometimento em fazer direito todos esses anos!!!

Abraços e até o próximo!!!

O “efeito Rock In Rio”…

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Nada como um grande festival nos moldes do Rock In Rio para (sem generalizar, como sempre, e guardadas as devidas proporções…) que o mesmo assunto volte aos papos da galera do áudio: até onde o comprometimento e o foco do show bizz nacional se aproxima das gigs gringas que estamos assistindo???!!!

Logo na primeira semana, depois dos shows da Beyoncé, do Justin, e agora depois do massacre do Bruce Springsteen entre outros exemplos, fica aquele gostinho amargo de que estamos tomando de lavada, em (quase) todos os sentidos… Não preciso justificar o “quase”, já que além do evento ser brasileiro, temos Gabisom, uma quantidade enorme de engenheiros, técnicos de palco e produtores de ponta daqui botando a coisa pra funcionar em condições pouco vistas no planeta… (Desculpem, mas tenho que citar esse “pequeno detalhe” sim, pois muita gente que não é do nosso meio também clickam nesse blog, ok???!…)

Novamente, guardadas as devidas proporções em relação ao espaço que artistas como esses ocupam no planeta, nos números que geram para a indústria da música (e dezenas de quesitos, que desde a fonte já nos afastam de resultados vitoriosos), o que mais impressiona é o foco!!! Artístico, musical, empresarial e tecnológico…

Como Engenheiro de Áudio é claro que eu vou direto ao assunto que mais interessa, ou seja, o som!!!… Agora, que muita coisa vem antes disso, não tenham dúvidas… Quando vejo críticas sem nenhuma ética nas redes sociais e na mídia, sobre esse banho que levamos dos caras de fora, fico indignado… Eu acredito que a ordem das coisas esteja proporcionalmente invertida!!!… O exemplo vem de cima galera… O comprometimento dos artistas com a carreira, o dos empresários em criar condições de trabalho e exposição da obra e, finalmente, passar a bola para uma produção eficiente são etapas explícitas no resultado final…

O que assistimos nos dois shows que citei acima é de dar água na boca… Com certeza esses artistas ensaiaram suas criações exaustivamente com suas (incríveis) bandas, com PA, in-ears, roadies, iluminação, leds e produtores de stage por centenas de horas trancados num galpão, com situações de estrada confortáveis, enquanto seus escritórios tomavam as precauções para que eles jamais se apresentem em palcos amarrados com arame, com a house mix e monitor (não necessariamente nessa ordem) tomando chuva nas mesas e racks, (vou pular a parte do “É O Que Temos Som & Luz Ltda.”) ou o gerador, mais parecendo uma máquina de caldo de cana do que um equipamento de primeira importância!!!… Fato. Além do que, em uma situação inimaginável dessas, determinadas bandas trariam seu próprio arame!!!

Não é fácil, eu sei… Moramos aqui e a realidade é a daqui! Se você não gera dinheiro não pode criar condições, ponto… Mas isso não pode ser desculpa pra falta de discernimento ou justificar tanta porcaria na estrada, ok??? É possível fazer bem feito sim!!!… Se a engenharia “tem que” se virar, porque todos os outros envolvidos não???… Simples assim…

Não vou me alongar muito com esse post, mas que esse Rock In Rio sirva de lição para quem não passa nem perto desse nível impressionante de comprometimento & dedicação das gigs internacionais e principalmente, para os que colocam no mesmo saco e questionam a engenharia nacional de ponta e nossos artistas focados em suas carreiras, em sessões insuportáveis de “babação” e “gringolatria”… Por aqui sabemos exatamente sobre como as coisas acontecem no show bizz…

É hora de reflexão em todas as áreas envolvidas… Urgente!!!

Abraços e até o próximo…

(PS: A histórias como a do touro que entrou no meio da passagem de som um dia, em um stage que eu não me lembro qual foi, e arremessou o praticável da percussão com o roadie apavorado em cima dele, e só não pediu um pouco mais de teclados no side porque não estávamos em “Narnia”, eu conto qualquer outra hora, ok???)

Farat

O Público!!!… Esse bravo exército da Música!!!

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“O que vai sustentar a Música será o público pagante. Eu penso assim. Como incluir este conceito se só pensamos em cachets, aquele cheque que não nos conecta ao público. As bandas, os artistas, os músicos precisam praticar a arte de trocar com seu público, aqueles que se dispõe a pagar para seu artista… Você não tem público para chamar de seu??? Hora de repensar sua carreira, primeiro seu público!!!”… (By Pena Schmidt)

Esse era o post do mestre Pena um dia desses no facebook… Nada mais “no alvo” do que isso… O respeito com o público comanda um ciclo gigantesco de “efeitos colaterais”!!!… (E assunto pra muitos posts e conversas!!!).

O “comprometimento” transparece… É explícito o sucesso de artistas e bandas comprometidas com seu público… É um ciclo mágico!!! O merecimento só vem com o comprometimento, que só existe onde a essência impera… Fato!!!

Essência… Palavrinha mágica. O respeito com o público começa na fonte… Quer um exemplo??? A cantora Charice Pempengco… A valorização da essência capitaneada por David Foster, desde a primeira aparição pesada dessa menina no programa da Oprah Winfrey, até o blu-ray “David Foster & Friends II”, é explicita!!! Eu tiro o chapéu para um trabalho de altíssimo nível como esse, focado ao extremo, visando hipnotizar as plateias!!!… Tem muito dinheiro nisso??? Claro que tem… O show bizz vive disso, mas é (muito bem-vinda, é claro) consequência!!!..

Na minha época de Milton Nascimento, paralelamente fora as tours internacionais gigantes e grandes capitais visitadas pela gig, agendas no interior por cidades que ninguém um dia imaginaria uma produção desse nível aportando nos ginásios e campos de futebol eram viabilizadas!!!… O brilho nos olhos do público nunca teve preço para nenhum de nós da equipe, e principalmente do próprio Nascimento.

O bom exemplo vem de cima!!!… Artista com uma concepção de carreira comprometida com seu público vai muito além de uma sensação de realização, de missão cumprida… Gera equipe comprometida, gera produção local comprometida, gera mídia comprometida, gera “envolvidos em todas as áreas” comprometidos… É uma montanha de neve, não uma bola… Tudo anda, tudo funciona… Não cobre nada de ninguém, de nenhum departamento que envolva carreira se você não der o exemplo. Fato…

Como disse mestre Peninha, “você não tem público para chamar de seu??? Hora de repensar sua carreira!!!”…

O futuro da Música agradece!!! Quem depende dela, mais ainda…

That’s all folks!!!

A Disco Music…

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Antes da grande virada que a “era Pro Tools” provocou no som e na vida dos estúdios, duas outras foram muito marcantes em minha opinião: os Beatles (é claro) e a Disco Music! Outro dia “repassando” discos do Chic e do Voyage, por exemplo, ficou explícito que a Disco realmente foi uma aula de gravação e mixagem sem precedentes… A essência artística era a palavra de ordem!!!…

O som de “Le Freak” é uma delícia (assim como todas do Chic) e de “Souvenirs” do Voyage então, nem se fala. Os caras abusaram da criatividade nos disco yers, uma época que revelou grandes produtores, com um bom gosto incrível nos timbres e mixes, além do potencial que tinham nas mãos e faders (super vocais, grandes baixistas, “clavineteiros” da pesada e aquele som de bumbo mortal, entre outras coisas…).

Quer conferir ou relembrar? Aqui vai uma listinha de hits da época: Le Freak (Chic), Souvenirs (Voyage), On The Beat (The B.B. & Q. Band), Got To Be Real (Cheryl Lynn), Celebration (Kool & The Gang), Boogie Oogie Oogie (A Taste of Honey), Disco Inferno (The Trammps), We Are Family (Sister Sledge), Get Off (Foxy), Disco Nights (GQ), Dance – Disco Heat (Sylvester), Macho Man (Village People), e por aí vai… E olha que faltou muita gente: Bee Gees, Rick James, Quincy Jones, Cerrone, Greg Diamond, o início de tudo com Andréa True Conection, Donna Summer, Glória Gaynor, KC & Sunshine Band… É impossível citar todo mundo!

Bebam muito nessa fonte, pois quem balançou o cérebro no Aquarius e “melhores casas do ramo” sabe do que eu estou falando! Por falar em flash-back, e não dizer que o Brasil não fez Disco Music não se esqueçam das Frenéticas, Lady Zu, Harmony Cats entre muitos…

Muito, mas muito bons tempos do áudio!

Até!!!

A “Pendrive Generation”…

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Sem generalizar, é claro, e dentro da mais explícita ética, não podemos ignorar a presença cada vez mais forte da “pendrive generation” no mercado do áudio… Na minha humilde opinião, a quantidade de mordomias tecnológicas que sempre sonhamos nos tempos dos mapas de palco feitos em Xerox dos módulos das mesas, e que chegaram muito rápido ao mundinho insano do áudio, nos apresentou uma escalação de gente muito talentosa, mas ao mesmo tempo uma outra, com um pouco menos de discernimento…

Vamos pular o Universo da gravação, onde não é impossível ouvirmos a pergunta “que tipo de música esse cara canta???” no dia da gravação do “fagote”, e nos reportar apenas ao stage…

No inicio dos anos 80, quando na minha ansiedade de moleque, já pilotando no estúdio Vice-Versa, e já tomando muito tapa na orelha do Luiz Botelho e do Vinicão, para que nunca e em nenhum outro tempo falasse na primeira pessoa do singular e estudasse em todos os seus parágrafos o “The Recording Studio Handbook” (John M. Woram), ficou bem claro o caminho a seguir antes de viajar equivocadamente no “glamour” da profissão… Informação e saber o meu lugar no mercado eram as regras básicas e obrigatórias!!!

Foi nessa época que comecei a conviver com caras como (além dos já citados Luiz Botelho e Marcus Vinicius) Wilson “Kabeleira” Gonçalves, Ricardo “Franja” Carvalheira, entre outros que faziam chover no live, mas eu quero citar um em especial, que foi meu mestre absoluto no stage; “Sir” Vitor Correa, o maior Engenheiro de Monitor desse país… O que eu vi esse maluco fazer com quatro vias e 16 canais de input me empurrou definitivamente pra cada detalhe de uma boa mix ao vivo… Conhecer a banda, saber as ferramentas disponíveis em cada evento e, o principal, “fazer o básico, bem feito!!!”…

Eu agradeço todos os dias ter conhecido a postura e o dia a dia desses malucos, porque até hoje utilizo cada minuto dessa convivência para aprimorar meu som e filtrar meu dia a dia… Eu imagino, por exemplo, alguém da “pendrive generation” trabalhando um dia sob a batuta do mestre Pena Schmidt e a paranoia saudável de não errar da Stage Brainz nos stages do Free Jazz, entre outros!!!…

O comprometimento com o áudio vai muito além de equalizar “com os olhos” e rejeitar consoles porque não tem uma tela enorme, entre outros absurdos… Vai muito além de fazer vinte e cinco shows por mês e atropelar profissionais a qualquer preço numa concorrência desleal jamais vista no mercado… Na verdade, o próprio mercado ditou essas regras, e tem muita gente que embarcou nesse Titanic…

Quem está no mercado há anos está, e nada vai mudar… Penso exclusivamente nas novas gerações… Deve ser desesperador o encontro das possibilidades master de informação contra os caminhos nem sempre éticos que o mercado oferece… É a banalização do áudio, literalmente!!!… É explicito o dano que isso anda causando na mão de obra, na postura, no discernimento, nos valores cobrados… Uma pena!!! Enfim, um assunto delicado e longo, que balança egos e comportamentos…

Muita história ainda vai rolar, mas é a hora de repensar os caminhos, como eu disse no início do post, sempre dentro de uma explícita ética, pois a culpa pode não ser apenas dos “pendrivers” para um prejuízo tão extenso!!! … Na verdade todos estão aí… Só façam a escolha certa… Usem todas as mesas disponíveis, todos os monitores, todos os ears… Façam das suas mixes uma festa e dos pendrives apenas uma ferramenta de arquivo!!!… É por isso que estamos aqui… A Paixão pelo áudio bem feito!!!

Bom, “that´s all folks”…

Abraços!!!

Algo sobre música & propaganda…

Face Blog

E aí galera??? Vou pedir licença aos papos extremamente técnicos que sempre levamos por aqui e falar sobre um assunto de caráter muito pessoal… Postei isso em rede social, mas acho que vale a pena esse texto habitar o blog, pois afeta diretamente o universo do áudio!!!…

Há muito tempo no meu bom e velho radinho de pilhas do quarto, rolava um programa com o título “Jingles Inesquecíveis”, que era apresentado por Lula Vieira na CBN… Com todo o respeito que tenho pela música na publicidade e pelos profissionais (e grandes amigos) de criação envolvidos em trilhas e jingles, confesso que deu uma imensa saudade das composições que um dia eu vi sair de um Sá & Guarabyra, nos anos dourados do Vice-Versa, Walter Santos & Tereza Sousa no Nossoestúdio, César das Mercês, Thomas Roth entre vários outros magos da composição publicitária, em seus pedaços de papel de pão e fitinhas cassete!!!

Uma noite dessas, em um grupo de discussão online, havia uma mensagem de um estudante dizendo que a mídia evoluiu e que os tempos são outros… Poxa, multimídia e evolução significam que a música tem que ser coadjuvante e não ter mais o “peso” que sempre teve??? Eu tenho pena de quem pensa assim… É só ligar o rádio e contar nos dedos o que vai ficar e o que vai passar batido na publicidade hoje em dia…

Sem generalizar, é claro, ninguém me convence que o jingle já era, e eu tenho pena de algumas opiniões desse tipo em fórum de internet!!!… Quem disse que um jingle classudo não empurra uma campanha ou um filme de ponta??? Quanto a trilhas, já vi caras com o calibre de um Armando Ferrante, Chiquinho de Moraes ou um Ruriá Duprat virarem 48 horas dentro de um estúdio entre composição, arregimentação e gravação de uma trilha e em dois dias recolocarem uma orquestra inteira no estúdio para aprimorar o resultado final… Me perdoem, mas a peça não precisa ser tosca ao extremo pra funcionar!!!…

A quantidade de gente extremamente competente no mercado, que eu não citei aqui porque seria interminável a lista, e que (graças ao CARA lá de cima) ainda existe no mercado, não combina com a maioria das coisas que escuto todos os dias nas rádios e TVs… Uma pena!!!

Sem contar a briga saudável pela melhor sonoridade, o que era extremamente saudável e forçava a galera da engenharia a focar na excelência no resultado final, muitas vezes com trilhas soando muito maiores do que os álbuns da moda!!!… Nossas referencias de mixagem eram John Williams, Michael Jackson, David Foster, e muitos outros, dependendo do foco da campanha… Era pesada nossa responsabilidade como engenheiros!!!

Participei, por exemplo, durante gratificantes quatro anos do Projeto “Gente Que Faz” do extinto banco Bamerindus, onde o Nossoestúdio dava um banho de criação em trilhas inéditas e semanais de três minutos de duração, gravada só com músicos ao vivo, em uma SSL 4000G+, em uma Studer A827 com Dolby SR, só para citar um exemplo clássico, entre centenas de peças e estúdios comprometidos com o que ia pro ar!!!… Por favor, enquanto fico na frente da TV ou do rádio torcendo pra que algo soe pelo menos interessante, alguém me explique que relação essa explícita queda de qualidade na música publicitária tem a ver com evolução!!!???…

Novos tempos???… Pode ser… Mas, pelo menos pra mim, tristes!!!

Abraços!!!

O pioneirismo de “A Chorus Line”…

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Mais um post direto do túnel do tempo… São Paulo, 1983: em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso o musical Chorus Line, sem discussão um pioneirismo total nos grandes musicais apresentados no Brasil fazia história…

A produção, capitaneada pelo mestre Walter Clark, não mediu esforços para tornar realidade o sonho dessa montagem por aqui. Chorus Line, com texto original de James Kirkwood & Nicholas Dante, concepção, coreografia e direção original de Michael Bennett, revelou muitos nomes de talento que deram muito sangue, suor e dedicação a suas interpretações: Accacio Gonçalves (Zach), J.C.Violla (Paul), Cláudia Raia (Sheila), Márcia Albuquerque (Laura), Rita Malot (Judy), Guilherme Leme (Al), Heloísa Millet (Diana), George Otto (Don), entre muitos outros.

Com tradução de Millôr Fernandes e direção e coreografia de Roy Smith, foram quase 200 apresentações (acompanhadas por uma banda de 23 músicos sob a direção de Murilo Alvarenga) que deixaram muita saudade em todos nós envolvidos na produção!!!
Quem vê a tecnologia de áudio empregada nos musicais de hoje jamais poderá imaginar nosso trabalho pra botar o Chorus no ar em 1983, com um PA de rock’n’roll do Paulo Valadares (Val & Val), sem um único microfone especial ou equipamento específico pra isso, muito menos in-ears e consoles digitais!!!… Absolutamente “autonamão”!!!…

A supervisão de áudio era do Carlos Ronconi e a mixagem final minha e do Hamilton “Mica” Griecco. O Micca pilotava a orquestra do Murilão, literalmente mergulhada no fosso e a master final, enquanto eu ralava duas horas seguidas com nove microfones de voz espalhados pelo palco (e mais quatro fora do palco), correndo atrás dos atores/bailarinos e monitorando isso com dois sides no palco e algumas poucas vias de phones para a orquestra e a cabine de vocais das pessoas que não estavam em cena…

Realmente esse foi um grande projeto do Walter Clark, associado ao José Octávio de Castro Neves e ao J.Arce. Demos tudo o que tínhamos na época para contribuir e somar esforços nessa empreitada, e entre erros e acertos o resultado foi, com certeza, muito gratificante!!!…

Até o próximo!!!

A magia do Circo!!!

Projeto SP

Dois lugares muito especiais em São Paulo fizeram história no show business; o Radar Tantã e o Circo do Projeto SP. Com certeza, eu devo muita coisa da minha caminhada como engenheiro de monitor ao Projeto SP. Em 1985, quando o Victor Corrêa despencou pra Europa com as grandes tours do Milton, eu estava sem banda fixa na estrada e assumi a operação de monitor do circo sem pensar duas vezes (thanks Vitão!).

Simplesmente “quase” todas as bandas do Brasil passaram por ali no ano e meio de festa que aquele lugar abrigou. O som do Gabi (com os até hoje inigualáveis e imbatíveis monitores 2 X 15), o Roberto Marques na house mix, o Silvio (meu fiel escudeiro), um público garantido e fiel, grandes shows, muita gente bonita reunida (e o melhor Hot-dog e Coca de máquina da história do show business)…

Gostaria de lembrar duas coisas muito legais no circo; primeiro o horário dos shows: 20:00 hs em ponto, sem atrasos por causa da lei do silêncio, e segundo, a proximidade do público numa época em que os grandes shows afastavam muito determinados artistas do público, com os palcos gigantescos dos ginásios e estádios.

Foram tantos momentos especiais que fica difícil falar de algum deles em especial. Uma pena a quantidade de assinaturas pra fechar o cirquinho dos “Valigora Brothers”, pois por muito tempo ele ainda seria o point da galera em São Paulo. Até hoje quando possível desvio o caminho pra não passar na Caio Prado porque a saudade bate forte…

O clima nós tentamos levar, e até que conseguimos, quando foi inaugurado o Projeto SP/2 na Barra Funda, mas com certeza quem passou pelo circo nunca mais vai esquecer o que viu, ouviu e viveu lá dentro… Na boa, eram as duas horas mais felizes de pelo menos 99,9% de todas as bandas do país (e de algumas fora dele também…)!!!… Bons tempos!!!

Até o próximo!!!

(Photo: Encontrei essa foto do ingresso no http://www.paralamasforever.com/ … Aliás, uma das bandas que mais colocou aquela lona pra “suar”!!!)