Guilherme Arantes

Sempre em nossos textos e blogs, citamos nossos ídolos e fontes de inspiração como Beatles, Pink Floyd, Queen, e por aí vai… E por aqui???

Bom, a história começa lá em Caçapava, onde eu era um office boy de construtora metido a besta (e talvez ainda seja…hahahaha), quando essa coisa da música já estava impregnada no meu sangue, ouvindo uma balada no rádio chamada “Meu Mundo e Nada Mais”… Fiquei chapado!!! No meio de todo o meu amor e minha fidelidade pelo Deep Purple, Led e todos os outros monstrinhos do rock, quem era aquele maluco, com uma voz extremamente diferente, uma harmonia muito bem construída, etc???… Era tudo o que eu esperava se um dia eu gravasse com uma banda própria…

Fui pesquisar e cheguei naquele vinil espetacular… Era um desfile de bom gosto… “A Cidade e a Neblina”, “Cuide-se Bem”, “Nave Errante”, “Antes da Chuva Chegar”, entre outras… Cada faixa do disco me transformava, cada vez mais, em grande fã do Arantes… Foi um belo empurrão, paralelo aos grandes nomes do rock que eu ouvia na época. Sem falar nos outros clássicos que vieram, do primeiro vinil até o clássico e obrigatório “Coração Paulista”, sempre uma aula de harmonias estruturadas, letras, etc… (Experimente também ouvir coisas como a instrumental “Adagio”, por exemplo).

Bom, para encurtar a história toda, um belo dia eu acabei pilotando os monitores do Guilherme, coisa que nunca teria passado pela minha cabeça lá no escritório da construtora, aquela onde eu fui demitido por estar dublando o disco “Come Taste The Band” do Deep Purple em dia de concorrência na Prefeitura Municipal (essa história é famosa…rs).

O mais perto que eu tinha conseguido chegar do cara, foi assistir um show dele com o Vinicão mixando o PA (já no tempo do Vice-Versa) , que tinha Ivo Carvalho na guitarra, Luizão Guilherme na bateria, Pedro Ivo no baixo e o Guilherme com o clássico set Yamaha CP 80 & Mini Moog, ou seria já o seu Kaway??? Enfim… E como era bom mixar Guilherme Arantes!!!… Começando pelas bandas. Músicos sensacionais sempre fizeram parte desse stage. Marinho, Paulo Soveral, Lino Simão, Luis Carlini, Ronaldo Paschoa, Alaor Neves e caras desse calibre!!!… Não poderia ter sido melhor!!!

Em uma gig desse porte, o comprometimento em fazer a coisa tecnicamente perfeita era muito grande (sem contar a parceria com o melhor “chef de cozinha” do show bizz brasileiro, Jorginho Dias no PA, o que aumenta muito a responsabilidade do cara do monitor), principalmente porque estávamos muito longe dos in-ears e, da era digital, da grande disponibilidade e variedade de monitores, etc…

Me lembro muito bem do sistema JBL do Guilherme para os seus teclados… Com certeza absoluta, a única vez na qual eu utilizei quatro das clássicas 2 x 15 da Gabisom pra fazer uma via de monitor!!! Hehehehehe… Era um timbre sensacional de stage, numa união de repertório e performance espetaculares… Festa garantida, que tirava fumaça das velhas e impagáveis analógicas Yamahas, Soundcrafts & Ramsas, muito bem resistrada no álbum ao vivo “Meu Mundo e Tudo Mais” gravado no Palace, em Sampa.

Bom, falar mais o que do cara que tem obras de arte do tipo “Raça de Heróis”, ou a melhor balada da música pop/Brasil “Baile de Máscaras” no set list???… Como eu sempre digo sobre os também mestres Sá & Guarabyra, “azar de quem não ouve Guilherme Arantes”!!!

Até o próximo!!!

Nunca foi tão fácil “voar”!!!…

Um dia desses tomando um vinho na varanda (um pouco depois da Expomusic), passou aquele filminho dos últimos 30 anos de stage na cabeça e a conclusão: nunca foi tão fácil transportarmos nossas idéias pro show bizz.

Que sonho seriam consoles digitais em um Free Jazz, por exemplo, quando marcávamos as mesas analógicas nas xerox dos módulos ou gravávamos as mixes em um daqueles gravadores portáteis!!!… (PS: já ví gente que perdeu as xerox e gravadores que “morderam” a fita na troca de palco… A verdadeira “TREVA”…rs).

E a concepção dos monitores então??? Transformar o ginásio do Ibirapuera em Sampa, no Blues Festival, em um ambiente pequeno, muito mais próximo da zona de conforto que os “velhinhos” (e sábios mestres) do Blues estavam acostumados???… Me lembro muito bem que resolvemos isso colocando uma mix extra na frente do praticável da bateria para cobrir o buraco que todo o “bom” ginásio nos reserva…

No Free Jazz tb… Já escrevi sobre a banda do Marlon Jordan (http://www.backstage.com.br/paulofarat/?p=29), na qual ao abrir o microfone do baixo acústico no side para que acabássemos com a desconfortável volta do PA pro palco, foi necessário timbrar as altas desse mic, pois como estavam bem perto uns dos outros, o vazamento dos pratos nesse microfone era altíssimo, o mesmo acontecendo no piano acústico completamente aberto e com dois AKG 414. Se uma bola dessas for levantada em qualquer curso de áudio vão providenciar uma internação imediata pra equipe!!!…

O “Universo In-Ears” acabou com isso… Ficou sem graça??? Ficou nada… Uma boa mix de ears equivale a uma grande sessão de estúdio pra mim. Com a quantidade de recursos que levamos pro stage hoje em dia (mesas, in-ears, mics, projetos espetaculares de monitores, etc…), se a essência da música for boa, é lógico, fica muito mais fácil darmos nosso toque pessoal e cores fortes ao evento!!!… Sons e mixes inimagináveis na era só dos monitores!!!… Diferente sim, sem graça nunca!!! E querem saber mesmo???… As mixes híbridas de monitores e ears que fazemos na Tour Elektra do RPM (http://www.backstage.com.br/paulofarat/?p=56) hoje na estrada são uma grande diversão também, partindo do ponto que elas sejam muito bem planejadas!!!…

Boooooooora brindar a essência, ao discernimento e a boa música então, e fazer o básico bem feito… O resto??? Bom, o resto vai dar trabalho apenas na escolha de efeitos, qual mic usar, afinações de bateria, timbres dessa ou daquela corda, instrumentos, etc, porque plugin de talento ainda não foi inventado (e nunca será, se o CARA lá de cima desejar…rs)!!!

Como se diz na aviação, “planeje seu voo e voe seu plano”!!!…

Até o próximo… Abraço!!!

Os “velhinhos” da CDteca!!!…

Colocando a CDteca em ordem, semana passada, resolvi sair um pouco do tema “live”, foco do meu blog, e falar sobre alguns “filhotes” especiais aqui das minhas prateleiras… Particularmente tenho muito carinho por esses trabalhos… Sonoridades especiais e muita musicalidade em todos eles… No próximo post, voltamos a falar de som ao vivo e suas ramificações!!!… Peço licença então, muito longe de querer bancar o crítico musical aqui, ok???…

Baby Animals:

Esse aqui, junto ao “Pump” do Aerosmith, é um Cdzinho que eu adoraria ter gravado como engenheiro: O Baby Animals, da Imago Recording Company, gravado em 1991 (se precisar de uma referência pode citar a música “Rush You”). É uma banda da Austrália que faz um som bem nervosinho: Suze DeMarchi (vocal), Dave Leslie (Guitar & Vocal), Eddie Parisi (Guitar & Vocal) e Frank Celenza (Drums). Eu particularmente adoro o som de bateria deste disco, que tem uma concepção de arranjos muito legal… Quanto a Suze, deixa pra lá vai…rsssss.

Keys To Ascension II (Yes):

Gravado ao vivo em 1996, em três noites no Fremont Theatre, em San Luis Obispo, Califórnia, com Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Rick Wakeman e Alan White (a melhor formação do Yes na minha opinião) este registro é indispensável nas cdtecas dos fãs da banda!!! Nesta edição limitada, rola também um material inédito de estúdio, completando o álbum duplo “Keys to Ascension”. Este material ao vivo complementa a primeira edição destes concertos, que foi lançada em meados de 1996. Ao vivo rolam “I’ve Seen All Good People”, “Going For The One”, “Time And A Word”, “Close To The Edge”, “Turn Of The Century” e “And You And I”. Produzidas por Bill Sherwood, as cinco músicas inéditas de estúdio são “Mind Drive”, “Foot Prints”, “Bring To The Power”, “Children Of Light” e “Sign Language”. Mais uma vez, a capa é de Roger Dean e o lançamento é da ST2 Records.

Bill Evans Quintet:

Gostaria de recomendar a todos um CD muito interessante: Interplay (Bill Evans Quintet). Ganhei esta versão especial (extended resolution compact disc) de um amigo e produtor do Japão. Gravado por Tommy Nola nos dias 16 & 17 de Julho de 1962 no Nola Penthouse Studios, New Yor City, o disco vem com um material muito bom do Bill Evans Quintet (com Freddie Hubbard – trumpet, Jim Hall – guitar, Percy Heat – bass & Philly Joe Jones – drums). Produzido por Orrin Keepnews, é um CD obrigatório nas Cdtecas de quem aprecia o gênero!!!

Deep Purple, King Biscuit:

Tudo bem, eu concordo que nada se compara ao insuperável “Made in Japan”, mas que o CD Deep Purple In Concert – King Biscuit é obrigatório nas CDtecas dos velhos purplemaníacos (e eu me incluo nessa…rs) é uma realidade. Gravado no ano de 1976, nodia 26 de Janeiro em Springfield/Mass e 27 de Fevereiro em Long Beach/CA, o cd vem com a fase Tomy Bolin (guitars) da banda. Completam essa formação Dave Coverdale (vocals), Glenn Hughes (bass & vocals), Jon Lord (keyboards) e um dos meus ídolos Ian Paice (drums). Na verdade eu sou apaixonado por essa última fase do Purple e desde o dia que levei pra casa o meu vinil de “Come Taste The Band”, aprendi a respeitar e admirar muito o trabalho de guitarra de Mr. Bolin no Purple (tarefa nada fácil pós Blackmore)! No set list desfilam Burn, Lady Luck, Gettin’ Tighter, Love Child, Smoke On The Water/Georgia On My Mind, Lazy/The Grind (feat. Organ & Drums Solos), This Time Around, Tomy Bolin (Solo Guitar), Stormbringer, Highway Star/Not Fade Away e quatro bonus tracks: I’m Going Down, Highway Star, Smoke On The Water & Georgia On My Mind. Pelo label do encarte o disco foi gravado em 16 canais por Ray Thompson numa Ampex 407, em 15 ips e da seguinte forma: canal 01 – Kick, 02 – Snare, 03 & 04 – Drums, 05 – Bass, 06 – Guitar, 07 – Leslie Hi, 08 – Leslie Hi, 09 – Leslie Lo, 10 – Rhodes, 11 – Glenn Hughes Vocal, 12 – Dave Coverdade Vocal, 13 – Reverb, 14 – Delay , 15 & 16 – Audience. A mixagem e masterização ficaram nas mãos de Gary Lions no Dolphin Studios. Mais pra frente eu falo sobre um outro CD do Purple muito interessante, e básico tb; “Singles A’s & B’s”, onde rola até uma versão de Speed King com piano acústico na base!!!…

Festa garantida!!!

Esses três eu recomendo (e muito) porque são a garantia de qualquer festa!!! O primeiro é “Monster On A Leash” do Tower Of Power, produzido por Emílio Castillo, gravado e mixado pelo “papa” All Schmitt no Schnee Studio (basic tracks, horns & mix) e no Hollywood Sound (gravações adicionais). Uma delícia de CD, com o baixo de Rocco Prestia e os arranjos de Greg Adams na sua melhor forma, entre outras coisas…

O outro é uma verdadeira “paulada”: “All ´N All” do Earth, Wind & Fire. A série Master Sound Limited Edition, remasterizada com o critério de se conservar absolutamente toda a dinâmica e sonoridade da produção original (1977) é espetacular!!! Gravado e mixado por George Massemburg, essa produção de Maurice White é um banho de bom gosto em faixas como Fantasy, Magic Mind, Runnin´, Serpentine Fire, entre outras…

O terceiro é dessa banda da pesada, o Kool & The Gang. Uma coletânea dos melhores hits de 1979 até 1987 (Celebration, Get Down On It, Fresh, Ladies Night, Tonight, Let’s Go Dancing, Steppin´ Out, Joanna, In The Heart, No Show, Misled, entre outras…) um show de bom gosto!!!… Som na caixa que vale a pena…

Comprinha básica (“Os Velhinhos”):

Aqui segue a relação dos últimos dez “velhinhos” que comprei, tranqüilamente honrando, e muito o título desse parágrafo. Se alguém discordar por favor mande “comment” !!!

The Who – Meaty Beaty and Bouncy (I Can’t Explain, The Kids All Right, Pictures of Lily…), Sweet – Desolation Boulevard (Ballroom Blitz, ACDC, Fox on The Run…), The Best of Grand Funk Railroad (Shinin’ On, The Loco-Motion, We’re an American Band…), Bachman-Turner Overdrive Greatest (You Ain’t Seen Nothing Yet, Takin’ Care of Business, Let it Ride…), The Collection Ten Years After (I’m Go Home, 50.000 Miles Beneath My Brain, Baby Won’t You Let me Rock’n’Roll You…), Nazareth Classics (Hair of The Dog, Razamanaz, Holiday…), Fleetwood Mac (Rumours (You Make Love a Fun, The Chain, Don’t Stop…), The Beach Boys 20 Good Vibrations (Surfin’ Safari, Do You Wanna a Dance, I Get Around…), Jimi Hendrix Experience Radio One (Purple Haze, Day Tripper, Foxy Lady…) & The Very Best of Janis Joplin (all…) ! Alguém aí discorda?…rs

O CD Rock Classics:

Alguém aí tem os discos de vinil “Isto É Hollywood” volumes 01 e 02???… Um dia desses passeando por uma mega store de cds, um me chamou a atenção pelas cores azul, branca e vermelha da capa e fotos de esportes radicais… Não deu outra: todas as versões originais das músicas utilizadas nos comerciais de tv: Separate Ways (Journey), Play The Game Tonight (Kansas), Breakin All The Rules (Peter Frampton), More Than a Feeling (Boston), The Final Countdown (Europe), Don´t Stop Believin´ (Journey), Tour Love (The Outfields), Hold On (Santana), Middle Of The Road (Pretenders), Rosana (Toto), Tom Sawyer (Rush) e a minha predileta de todas elas (mais Floripa impossível) Keep The Fire Burnin´(REO Spreedwagon). Vale muito a pena!!! O meu ta quase gastando de tanto rolar aqui em casa…

Verdadeiramente bons tempos!!!

Até o próximo!!!

O gratificante “Brazilian Duos”

Um trabalho muito especial, gratificante, com um significado técnico e artístico extremamente refinado!!!… É o que posso falar da gravação do CD Brazilian Duos da Luciana Souza (o primeiro). A Luciana teve realmente muito bom gosto na escolha do repertório (Luiz Gonzaga, Tom e Vinicius, Edu Lobo, Jacó do Bandolim, Dorival Caymmi, Toninho Horta, Walter Santos e Tereza Souza, Djavan, entre outros).

Com apenas voz e violão nos duos, o disco teve duas etapas de gravação, uma no Brasil (Nossoestúdio) e quatro faixas nos USA, em New York (Studio 900). No Brasil gravaram Walter Santos e Marco Pereira, nos USA as faixas com Romero Lubambo. Um trabalho marcado especialmente pelo carinho e competência com que a Lu e essas feras do violão trataram o repertório escolhido.

Para a gravação utilizamos dois mics Neumann TLM 103 nos violões (na velha, boa e eficiente técnica X/Y de microfonação) e um Neumann U87 para a voz. Fizemos as tomadas direto no DAT com a conversão do pré D19 da Studer, pois a Lu decidiu gravar desta maneira, sem overdubs, para que o CD fosse um retrato fiel do clima e da emoção que rolaram no estúdio.

Os pres de microfone e compressores utilizados foram os internos da Solid State Logic SL 4000, inclusive o de saída L/R. A ambientação da Lexicon 480, um Small Wood Room nos violões e um Small Random Hall na voz da Luciana completaram o setup da gravação, em uma das salas (especificamente a “A” do Nossoestúdio) mais espetaculares que eu conheci e trabalhei em toda a minha vida…

O CD foi masterizado na Classic Master pelo Carlos Freitas e lançado pelo selo Sunnyside, USA. Obrigado Lu, pela oportunidade e pelo prazer de ter trabalhado contigo nesse projeto!!!.. Pra terminar o registro, o CD ainda foi indicado ao Grammy/2003 na categoria melhor disco vocal de jazz…

Eternizado!!!

Abraço e até o próximo!!!

Os “dois lados” da evolução…

“O erro é necessário para evolução, o discernimento é a ponte que separa um do outro!!!”… (Pedro Felipe B. Silva)… Passando sem querer por essa frase na minha tela, veio na hora o tema do post de hoje. Bem-vinda evolução, que ela seja uma constante e incansável rota na busca do “fazer direito”, e como o Pena Schmidt sempre nos condicionou, que a paranoia de não errar supere todos os tópicos!!!

Por falar no Pena, que paraíso seria ter mixado os stages do Free Jazz, o Blues Festival, Montreux, entre outros, com a enorme e farta geração de consoles digitais que temos hoje nas mãos, cada uma com suas características especiais, por mais que a essência e os procedimentos do digital sejam uma coisa só!!!… As nossas generosas e incomparáveis analógicas eram mapeadas nas xerox dos labels dos canais, anotações malucas de cada engenheiro e até gravando em fita as posições dos faders e equalizadores.

Pausa para um insert bem oportuno no assunto “era digital”, com um humilde e profissional pedido… Por favor, produções em geral, (fora os acidentes de percurso, dos quais nunca estaremos livres) devolvam nosso tempo de stage e procedimentos, que foram gentilmente incorporadas a logísticas nem sempre bem relacionadas com relógios e aeroportos!!!…rs. Thanks!!! É digital… eu sei, e daí???

De volta ao tema… Sempre que rola o termo ‘geração pen drive’ numa conversa depois de qualquer “workchopp” da galera, volto imediatamente ao tempo no qual tinhamos que devorar o The Recording Studio Handbook do John M. Woram, antes de pensar em entrar no estúdio, ou ter absolutamente todos os discos do The Alan Parsons Project antes de abrir a boca pra falar em áudio. Era uma regra… “Se abrir a boca, tenha certeza que tuas palavras serão muito mais valiosas do que o teu silêncio… Caso contrário, saiba que pausa é música, pois se não fosse, não haveria grafia pra ela numa partitura!!!”… Hahahahahaha.

Que momento feliz da evolução vivemos hoje para ousar no áudio… O reconhecimento pertence a quem se atreve!!! Nunca tivemos tantas opções de consoles, microfones, novos monitores, in-ears, plug-ins, informações online, especialistas de produto e workshops como hoje, mas (sem generalizar, é claro) a quantidade de besteiras que ainda escutamos (e ouvimos…rs) por aí é de arrepiar!!!…rs. A nova geração de talentos incríveis e caras sensacionais que temos por aí é imensa, produz sons e resultados fantásticos, mas o discernimento de certa parte dessa safra inverteu os valores… Primeiro qual console utilizar, que plug-in fica melhor, qual o software de alinhamento vai substituir o (obrigatório) conhecimento do material em mãos, que versão do Pro Tools vai rolar, muito antes de olhar pra dentro de estúdio, e por aí vai… Lá no final dos procedimentos estão os microfones, quem vai tocar, ouvir os instrumentos na fonte, a melhor afinação de bateria, qual o resultado final a que se pretende chegar, etc… Não comecem pelo final, pois o microfone é o primeiro que ouve, e não se espantem se quando marcarem a gravação do clarone, ouvirem a pergunta “o que esse cara canta???”…!!!… Hahahahahaha.

Bom… É só tomarmos cuidado com os procedimentos (todos eles, principalmente formação, informação e a palavrinha mágica comprometimento) que essa ameaça ao discernimento cada vez será menor no “planeta áudio”, tenho certeza… Enquanto isso vamos nos divertindo com o lado mágico da tecnologia, que nos permite os mais variados caminhos e resultados possíveis com nossas mixes, sejam elas no stage ou no estúdio… É como na Formula 1… Página virada dos “tempos românticos”, sempre lembrando que carro não anda sem piloto e piloto não vence sem carro, independentemente do mapeamento digital disponível… Uma mix de coração, fonte & tecnologia de ponta sempre vai soar bem, em qualquer sala!!!…

E depois, lá no final do processo, “na masterização arruma”!!!…. Hehehehehe.

Brincadeirinha… Ah, e quanto aos egos maiores que os talentos (mais uma vez, sem generalizar), vamos relaxar, pois nem sempre a luz no fim do túnel é o trem!!!

Até o próximo!!!

Luiz Augusto de Arruda Botelho

Peço licença a todos, para mais uma vez fazer um post pessoal, já que tinha prometido retomar os assuntos técnicos nesse nosso democrático espaço, mas o mundo do áudio amanheceu extremamente mais pobre hoje, 01 de Setembro de 2012…

Sentar na máquina para escrever um blog de áudio, menos de 24 horas depois de perder o meu maior ídolo e mestre Luiz Botelho, a princípio poderia parecer tarefa difícil, mas as histórias e ideais vão pintando na cabeça e percebo que a tarefa vai ser mais gratificante e simples do que qualquer outra coisa…

Lá no começo de tudo, quando entrei naquela sala dos estúdios Vice-Versa e fiquei frente a frente com aquele cara calmo, de voz suave, muito sério e contei aquela quantidade de mentiras sobre as qualidades de um (talvez) futuro assistente de estúdio, jamais imaginei que ali teria início uma das maiores histórias de amizade, aprendizado e parceria de toda a minha vida!!!

Saí de lá morrendo de vergonha, pois tinha absoluta certeza que tinha acabado de enterrar a maior chance do mundo em conviver com pessoas do primeiro mundo do áudio, e voltaria com todas as forças para pilotar minha bicicleta em alguma construtora. Graças ao CARA lá de cima, a única coisa que colou naquela tarde foi ele acreditar na minha vontade explícita de fazer parte daquilo.

Mais precisamente, no dia 19 de Novembro de 1979, eu comecei a entender o conteúdo da primeira lição, na presença de um dos caras mais humildes e sábios do áudio: “comprometimento”!!!

Uma enciclopédia completa, sem limites… Sua paciência com um alucinado e ansioso como eu era impressionante!!! Sempre havia espaço pra mais uma explicação, mais alguns dados, mais alguma forma de mostrar o caminho certo… E mais uma vez, e mais uma vez, e mais uma vez… Um gênio no quesito conhecimento e um “mago” na arte de compartilhar!!!… O nome disso??? … Essência!!!

Eu não seria absolutamente nada sem os seus famosos puxões de orelha, ensinamentos e questionamentos de como fazer direito, de não errar, de fazer o básico e o simples. O talento e o toque pessoal eram sim importantes, mas depois do básico bem feito!!!… O Luiz era um cara que fazia fluir em cada um de nós a palavra “superação”… Sabíamos que sempre a coisa poderia ser melhor, mais cuidada, e com um discernimento absurdo, ele economizava nos elogios, para não criar “monstrinhos” prepotentes, que falam o tempo todo na primeira pessoa do singular e nos quais os egos são extremamente maiores do que o próprio talento!!!

Tenha uma passagem serena e tranquila meu mestre, pois assim que o teu tempo de descanso aí do outro lado for completado, por favor, volte a botar o dedo nos nossos caminhos por aqui!!!…

Não seríamos nada sem você, e essa gratidão eu carrego por todos os lugares, em qualquer tempo, em qualquer canto, e vou escrever em todos os muros virtuais e não virtuais que eu puder, sempre tendo essa “responsa” de jamais te decepcionar na arte que você me ensinou!!!…

O “Planeta Áudio” agradece de joelhos…

Fica com Deus!!!

Amém…

Ao meu Anjo da Guarda…

No dia 19 de Novembro de 1979 eu finalmente consegui meu emprego num estúdio de ponta, o Vice-Versa… Naquele dia eu sabia que era o início de uma longa batalha conseguir um lugar ao Sol no mundo do áudio, e com certeza aquele era o lugar certo, cercado das pessoas certas, que depositaram em mim a confiança que eu tanto precisava naquela hora… Um deles era extremamente companheiro nesse período; o Nelsinho Castro Dantas!!!

Eu ralava feito louco no estúdio A com o Vinicão e o Wilson “Relax” Gonçalves e me desdobrava com o Nelsinho no estúdio B… Para resumir um pouco, eu comecei a infernizar a vida do Nelsinho pra poder fazer uns bicos à noite no B, porque de alguma forma eu já conseguia pelos menos fazer umas tomadas básicas de gravação e a empolgação era enorme pra poder sentar na mesa e gravar meus discos e jingles…

O Dantas tinha uma paciência de santo comigo, e com o maior carinho e serenidade, me pediu pra ter só um pouco de paciência porque depois do Carnaval que se aproximava ele me daria a chance que eu tanto queria, e que eu não perturbasse mais a sua orelha…rsrsrsrs!!!. Tudo era pra depois da p… do Carnaval!!!

Meu maninho devia ser um espírito extremamente evoluído e ja sabia que algo ia acontecer, pois na Terça-Feira de Carnaval, mais precisamente dia 19 de Fevereiro de 1980, um trágico acidente em São Paulo o levou pra mais perto do “CARA” lá de cima… Fiquei chapado, arrasado!!!… Sabe aquele lance do Senna com as duas mãos na Williams??? Era isso o “depois do carnaval”????…

Bom, foi uma questão de dias para que a proposta de assumir o estúdio B da Vice e continuar o trabalho do Nelsinho me foi apresentada… Até hoje ele é o meu anjo da guarda, e sei que de onde ele estiver estará olhando por mim e pela minha profissão…

Gostaria de pedir licença a todos, Alice (mãe), Nelson (pai), a irmã Maria Cristina, a Bete, Carmen, amigos, etc, para transcrever a mensagem psicografada pelo Médium Francisco Candido Xavier na noite de 31 de Janeiro de 1981 em Reunião Pública no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG…

Te amo cara, eu te devo isso, no Blog e na vida…valeu por tudo até aqui!!!… Nos vemos!!!

“Querida mãezinha Alice e querido Papai Nelson, peço que me abençoem…

Esse é um momento que vivo solicitando sem esperar. No entanto, o instante está para o meu anseio e devo escrever pelo modo que se me faça possível. Não seio o que se passa. Quero manter-me sereno, mas será possível o reencontro assim, entre o filho e os pais que ama tanto, sem que as lágrimas atinjam o papel antes das palavras? Penso que, em meu caso, isso não seria possível.

Lembro-me de todas as evidências que precederam a separação. Depois dos acontecimentos amargos, concluí que a chama da morte possui muitos meios de se faze sentir… Às vezes, está num jardim que a gente visita para entretenimento, num trecho de caminho em que duas dificuldades se encontram, na merenda que se usufrui num passeio, na companhia de um amigo de cujos passos estejamos compartilhando… Para mim, lembre-se a querida Mamãe, estava no tilintar do telefone… Era um convite para uma festa de corações amigos. Não consegui recusar-me. Lembrei-me que havia recebido palavra de meu pai especialmente no carro para servir. Acedi e fui ao encontro das jovens que apelavam para mim. Não compreendi a secreta intuição de que me ausentava para assunto grave porque beijei a Mamãe como se fosse fazer uma viagem longa. Ela própria se admirou e pousou em mim o olhar interrogativo.

Depois foi a noite, os minutos de paz e intimidade, e em seguida, a chuva torrencial. Retomando o veículo, notei que deveríamos adotar o melhor caminho, seguindo vagarosamente. Não me faltou cuidado. Afinal, não me achava a sós. Em minha companhia estavam a Cleide, a Bete e a Carmem… Seguíamos com calma, no entanto as águas se acumulavam nos recantos. Tive receio de que as correntes alcançassem o motor e diligenciei o quanto pude para atenuar os obstáculos. Mas, em meio à marcha que se tornava difícil, um ônibus apareceu e vibrou de modo estranho na massa líquida… Aquele impacto de força nos deslocou o carro amigo e segundo, atirando-o para o rio… O Tamanduateí havia desaparecido no dilúvio que submergia o piso da ponte próxima e fomos desviados para o corpo do rio, sem que nos apercebêssemos disso…

Recordo o espanto de Elisabete, ao descobrir que a nossa condução tentava planar inutilmente… Ela foi a primeira a alertar-nos quanto ao perigo e dispôs-se a nadar, auxiliando-nos. Junto da irmã, começaram a saída, no entanto, Cleide e eu tivemos a esperança de que o carro conseguisse sobrenadar e demoramo-nos um tanto… Foi o bastante para distanciar-nos das companheiras e de mãos entrelaçadas compreendemos que nos restava unicamente uma rendição á vontade de Deus. Não sei se consegui rezar, embora minha intenção incluía semelhante dever. Sei apenas que apoiados no veículo que submergiu, sentimo-nos ambos sufocados, sem qualquer possibilidade de reação… Até aí conto o que nos sucedeu…

Depois foi a exaustão e com a exaustão um sono invencível… Quanto tempo estive nesse estado de inconsciência não consigo imaginar… Um momento surgiu em que me apossei do próprio raciocínio… Achava-me fatigado, respirando dificilmente qual se estivesse sob o domínio de um edema desconhecido para mim… Tanta vida me assinalava o pensamento que era impossível crer na morte. A idéia de um posto de emergência para socorro imediato me veio a cabeça, mas isso se desfez quando a senhora de semblante suave, que me velava, junto ao leito alvo se confessou a mim, afirmando-me ser a Vovó Ernestina, enquanto que outra criatura amiga me aplicava remédios balsamisantes, esclarecia que me achava diante de nossa Ana, zeladora e parenta do coração, a quem devo tanto…

A percepção de que me achava em outra vida não foi pra mim uma tempestade de revolta, mas foi um aguaceiro de lágrimas. Queria vê-los, pais queridos, e rever nossa Maria Cristina, tentando informar-me igualmente sobre o destino das companheiras que me haviam partilhado a difícil experiência… Entretanto, com que voz haveria eu de manter o diálogo desejado? Chorei a feição do menino, desterrado de casa e, depois à medida que me conscientizava quanto à nova situação via e ouvia as indagações e os gestos da Mamãe, do Papai, da Vovó Inês, de Maria Cristina e de todo os nossos… Não preciso alongar-me sobre as emoções que me dominaram. Penso que somente agora consigo liberar as derradeiras inquietações em lhes transmitindo minhas notícias.

Peço-lhes serenidade e conformação. A vida oferece a cada um de nós determinada porta de acesso ao mundo físico e para cada pessoa traça uma saída diferente… Sabe a lei de Deus porque me vi com a Cleide na hora extrema, descendo a profundidade de um rio quando nos acreditávamos no chão… Rogo à Mãezinha Alice não se afligir porque haja ficado a minha roupa encharcada no curso do rio, sem meios de voltar para alguma lavanderia… A verdade é que já nos encontrávamos fartos de tanta água e, decerto, por isso fui liberado da aflição de causar maior aflição à família… Um corpo físico de algum modo é semelhante à vestimenta. Ninguém suponha que isso seja um sinal de lástima. Volto em espírito aos meus entes amados e isso é o que me interessa.

Graças a Deus, com exceção das saudades, vou seguindo na recuperação necessária. Rogo aos pais queridos me auxiliarem com a certeza de que estou vivendo em outras dimensões da existência. Já sei que a nossa Maria Cristina tem feito grande progresso, organizando uma família nova e que Elisabete e Carmem não foram chamadas a Vida Espiritual como ocorreu comigo e com a Cleide e peço a Jesus para que tudo esteja reajustado em nosso ambiente familiar e nos grupos de nossos amigos. A Cleide foi acolhida por dedicados familiares dela e, de minha parte, inicio nova caminhada…

Mãezinha Alice, não chore mais por seu filho, embora não consiga ainda lembra-la sem que a saudade me aperte o coração, mas os nossos Benfeitores daqui nos auxiliarão…

Agradeço ao Papai Nelson o auxílio com que nos fortalece com seu valor de sempre. Um beijão à irmã querida. Ao irmão que se lhe fez o pai te um tesouro de carinho, com lembranças a todos os amigos. E para os pais queridos deixo nesta carta o coração reconhecido e esperançoso do filho que tanto lhes deve e que roga a Deus conserva-los felizes sempre de teu Né.

Abraços de muito amor e gratidão do Nelsinho”…

Nelson Castro Dantas

Até a próxima galera!!!

Contando “causos”: O porão da casa do Mané!!!…

É… Muitas vezes me perguntam como fui parar no “live” e a minha explícita paixão pelos palcos… Vem de muito longe isso… Lá do porão da casa do Mané M. (ficamos no “M” mesmo, por questões de privacidade…rsrsrs), no Jardim São Paulo… Anos 1974/75.…

O primeiro empurrão com certeza, foi o Sábado Som, apresentando pelo Nelson Motta nas tardes de Sábado pela Globo (depois virou Rock Concert, mas a magia nunca mais foi a mesma)!!!

Inesquecíveis os especiais “Pink Floyd Echoes” nas ruínas de Pompéia, o Califórnia Jam, o especial ELP na neve e os incríveis Black Sabbath & Deep Purple, sem contar o Focus, Ten Years After, Grand Funk, o Led Zeppelin, enfim… Era muita informação pra dois alucinados de 15 anos, sonhando com o estrelato!!!… Era assistir ao programa e sair correndo pro porão!!!…Hahahaha…

O mundo era pouco… Com mais dois amigos, montamos rapidamente nossa banda, numa formação espetacular: 3 guitarras e um pandeiro (sem pele, é claro!!!)… Lembro-me muito bem do equipamento: um amp Phelpa alimentando todo mundo, uma guitarra Snake vermelha (linda, brilhava aos nossos olhos), pedal Sound 2 com wah-wah e woh-woh, uma guitarra Phelpa Apache verde com escudo rosa e interruptor tipo “Pial” pra mudar os captadores, meu violãozinho Tonante “Ao Rei dos Violões” e um pandeiro desgraçado de ruim…

Essa “espetacular e talentosa” banda, fez uns quatrocentos e trinta ensaios e uma única apresentação, no pátio do Gepal… O repertório????… Hahahahaha… “Fio Maravilha” sem ninguém cantando, com três guitarras e o tal pandeirinho, e pra fechar (com chave sei lá do que) o clássico: “O Suplício do Gato” (por favor, é apenas um título, de gosto bastante duvidoso também, como a própria música (música???), de 1974, pois defendo os animais com unhas e dentes há muito tempo!!!…rs). Era “ruim pa mai de metro cumpadi!!!”… O Mané arrumou um maldito imã que atormentava nossos ouvidos durante os 23 minutos da música, e ainda com wah-wah!!!… Resultado do show: um copo de água no Sound 2 e nenhuma das nossas princesas do colégio nos deu bola pelo resto do ano letivo!!!… Bye bye Mabel, Sandrinha, Mônica, Wandinha, bye bye autógrafos, Champagne… Foi “a treva”!!! Hahahaha… Mico absoluto!!!

Bons tempos galera… Não nos transformamos em grandes astros, mas sobrou uma amizade sólida e longa com o cara que me empurrou de verdade pro rock’n’roll e, principalmente, sobraram as nossas referências verdadeiras no que chamamos de “stage”… Semana passada “roubei” o iPod dele e olha as quinze mais do set list: Sweet Hitch-Hiker (Creedence Clearwater Revival), Theme For an Imaginary Western (Mountain), Dallas (Poco), Hey Joe (Jimmy Hendrix), Loneliness (Grand Funk Railroad), Lady Love (Robin Trower), Samba Pa Ti (Carlos Santana), Hoedown (Emerson, Lake e Palmer), Stairway to Heaven (Led Zeppelin), Solitude (Black Sabbath), Jesus is just alright (Dobbie Brothers), Highway 61 Revisited (Johnny Winter), Rocking’ all over the world (Status Quo), Highway Star ( Deep Purple) & Thriller (Michael Jackson)… Vai aí???…rsssssss.

Fica aqui um brinde e o agradecimento desse humilde engenheiro de monitor ao também humilde (e extremamente competente) empresário e seu “porão mágico”, por momentos inesquecíveis de uma aborrecência que já me apontava o caminho certo, e evitou que eu trocasse o meu sonho por qualquer coisa desinteressante na vida (longa e de muito Rock’n’roll)!!!…

Thanks pela cumplicidade amigo!!!

(E thanks também pra todo mundo que detestou o “Suplício do Gato” e ao espírito de Luz responsável pelo desaparecimento daquele infeliz imã!!!…rsssssssssssss).

Paulo Farat, diretamente do “Porão do Mané”!!!…

O “efeito Michael Jackson’s This Is It”…

Mais uma vez no player o Blu-ray “Michael Jackson’s This Is It”… É impressionante como as palavras competência, dedicação e talento tem outro significado depois desse (quase) show… Vou ser repetitivo nesse post, mas tocar nesse assunto é algo extremamente rico… (pode colar esse texto ao post “Comprometimento”)!!!…

Há muito tempo, desde os tempos de boy de construtora, sempre tive o foco em apenas fazer a coisa de maneira certa, ouvindo mais do que falando, tentando ser “o grande entregador de placa e apontador de frequência dos operários nas obras” ou “o melhor datilógrafo de memorial descritivo da cidade”!!!… É claro que isso não se aplica aos meus dias finais no escritório, quando fui demitido por um flagra tocando “Come Taste The Band” do Deep Purple na máquina de escrever em dia de concorrência, dublando meu gravadorzinho K7 Panasonic vermelho com tampinha de acrílico preta, e com uma Basfita 46, reproduzindo o referido álbum!!!…rsrsrsrsrsrs

Mas que besteira esse lance de “o melhor”… Principalmente no mundo do show bizz… Não existe “o melhor”… Nunca existiu!!! É a verdadeira “treva” quem fala o tempo todo na primeira pessoa do singular!!! O procedimento correto é o melhor… Quem progride no mundo do áudio é porque assimilou e seguiu o procedimento técnico (e postura) mais adequado!!!… Ponto!!!

O comprometimento com o resultado final deve ser o foco… Seja lá qual for o seu orçamento, as limitações de produção ou inúmeras e (cada vez mais) indescritíveis burrices por aí, faça sempre o seu melhor… A soma do melhor que podemos fazer, cada um na sua, não depende da $$$, depende da essência…

Voltando ao “Michael Jackson’s This Is It”, é um espetáculo o nível de envolvimento em dar o melhor que se pode, em cada acorde, em cada dançarino, músico e engenheiro… O foco é explícito… Tudo é exaustivamente pensado e concebido, para que todos possam no final da soma dos talentos envolvidos, terem a certeza de cada gota de suor em cada momento foi “o céu”!!!… Sem contar a maior quantidade de “por favor” e “muito obrigado” que eu já ouvi num stage…

Selecione com muito critério quem vai ser o seu artista ou banda, e assuma a responsabilidade de fazer o máximo que puder pelo resultado final da tour!!! Show bizz é isso… Somos isso no stage… Ponto!!!… Não acha???… Tudo bem, vai vender zíper, cobrir botões, estudar a reprodução dos anfíbios, fabricar carimbos ou um monte de outras opções dignas que o mercado oferece fora do palco!!!… Simples assim!!!… Ou “pede pra sair”!!!

Até a próxima, abraço!!!

Os monitores da Tour Elektra!!!

Pouco mais de um ano depois da volta do RPM na Virada Cultural Paulistana, a Tour Elektra segue firme, forte e cada vez mais ‘redonda’ pelos stages do país… Desde os primeiros ensaios pouca coisa mudou na configuração das mixes do monitor, mesmo com a entrada aos poucos das músicas novas e momentos diferentes do show.

A opção pela utilização da “J.Lo” (sim, é a única maneira que eu consigo chamar minha PM5D…rs) continua valendo, com seus 48 canais e suas 24 trabalhando full time, nas duas horinhas mais divertidas que eu tenho passado ultimamente!!!…

Bom, como correr atrás do melhor que podemos fazer e com a paranóia saudável de não errar (ensinamento eternizado pelo Peninha em todas as edições Free Jazz Festival), a concepção híbrida dos monitores foi adotada sem maiores problemas… Todo mundo com seus in-ears mandando no show, e algumas mixes de chão devidamente incorporadas no stage. Qualquer problema com transmissão e recepção, imediatamente as mixes de chão entram em cena, num step de volume diferente do inicial e a festa segue sem problemas…

Já fui muito questionado com essa história de monitoração híbrida (principalmente por quem nunca pensou nas situações problemáticas de transmissão e recepção, quando um “chão” bem mixado salva a pele de todos), mas tudo é feito com critério e discernimento, sem essa de ear, monitor e side falando no máximo volume o tempo todo…

Nas mixes de teclados, por exemplo, como o Schiavon usa só um lado dos phones, nos dois monitores frontais, ele faz a mix do seu set, como se sentir mais confortável… No ear, faço uma mix básica e definida do show, e naquele terceiro monitor, colocado estrategicamente atrás do set de teclados, mixo os grooves eletrônicos, os samplers mais pesados, snare, kick & bass, aliviando o trabalho do phone e dando uma “sombra” muito confortável no resultado final do palco…

O Paulo Ricardo jamais tira os phones durante o show, pois a concepção da mix dele com quatro máquinas de efeito (hall, early reflections, delays & drumx fx) seria muito difícil de ser fielmente reproduzida em monitores de chão (salvo estarmos em um teatro acusticamente perfeito, com monitores de ponta e o chão configurado stereo)… Sendo assim, os monitores desempenham firmes e fortes o papel daquela “encostada” no som dos amplificadores do palco, e principalmente, a de mix reserva, aí sim, onde ele vai trabalhar full!!!

Nas mixes do Nando, a mesma concepção híbrida funciona muito bem, exatamente como a do Paulo, sem nada pra acrescentar.

Na bateria, envio a minha mix L/R, e um track de click para a mesa do Paulo PA Pagni, e ele se vira muito bem com isso… A parte híbrida é composta por um monitor e sub, com a mesma opção de um segundo step de volume no caso de um show sem phones… (obs: a mix L/R da bateria, também é linkada ao PSM 900, como via reserva de phone).

O side faz sua parte de “sujar” um pouco o palco, na verdade atuando mais como sub e espalhando voz e grooves pelo stage, e quando o PA vai pra frente do stage sem phone no set acústico.

Bom… Resumidamente, é mais ou menos isso… Complicado??? Não acho, pois cada detalhe foi pensado, concebido e vem sendo executado com muito critério e discernimento… E é assim que a Elektra segue “invadindo” por aí. Apareçam qualquer dia pra tomar um café e ouvir um bom “barulho que pensa”!!!…

Abraços… Até a próxima!!!

(Photo by Sandra Carrillo)