Egídio Conde por Egídio Conde…

egidioconde

E aí galera???… Hoje, quando parei para escrever o post (já em atraso absoluto, me perdoe meu editor chefe), passei por um papo em forma de entrevista com o Egídio Conde que fiz há muitos anos… Não consegui escrever mais nada e tomei a liberdade de republicar o nosso rápido bate-bola. Ainda não e acostumei com a sua falta, mas o show tem que continuar!!!

Um cara sensacional, um dos meus guitar players prediletos, com seus amps de voltagem alterada, suas guitarras inconfundíveis e muitas histórias pra contar do tempo da Kombi… Fui acusado também de ter colaborado com o fechamento do Woodstock Bar da Consolação com os shows do Rock Memory (nunca soube se fui perdoado pelo Ruffa) e o esperado solo de Another Brick In The Wall do Egídio ecoando por todo o bairro, 4:00 hs da manhã!!!… Hehehehehe.

Bom… Lá vai Egídio Conde por Egídio Conde… Do baúuuu essa nossa conversa…

“Bem-vindo Egídio Conde… Conta aí pra quem ainda não te conhece, um pouquinho da tua estrada e o que você anda fazendo ultimamente…
R – Tenho a Audiomobile, há vinte anos, minhas duas unidades móveis de gravação digital, com estúdios fixos também, um pra gravação outro para mixagem 5.1. Ultimamente fizemos os DVDs de Charlie Brown Jr, Marina Lima, Ed Motta, Rouge, Sergio Reis e Filhos. Faço projetos de acústica e atualmente estou terminando o projeto dos novos estúdios do SESC Vila Mariana, entre outros. Fiz o projeto dos estúdios Dr. DD e Voz do Brasil.

Você e o Micca são dois dos meus guitarristas prediletos… No meio dessa loucura de trabalho, ta sobrando tempo pra tocar?
R – Pôxa obrigado, mas queria tocar de novo com você na batera…Meu cunhado, o Conrado, que é médico e ex-integrante do Mona e do Joelho de Porco, temos um grupo em Jundiaí, SP, muito competente todos médicos, que se chama NEP – Não estamos de plantão – e o rock ainda rola e nos divertimos muito – só eu sou o paciente…

Vou aproveitar o nosso papo pra que voce fale um pouco do Som Nosso de Cada Dia…
R – Saí do Moto Perpétuo e fui direto pro Som Nosso que era o sonho de todo guitarrista progressivo, e aprendi muito com Pedrinho e Pedrão. O Pedrinho foi dar uma volta, mas com o Pedrão estou sempre em contato. Era a liberdade total, e a gente misturava tudo, sem constrangimento. A última fase do Som Nosso, era um fusion de arrepiar, não foi registrada em disco, mas eu e Pedrão estamos recuperando algumas gravações que tenho, para o selo Progressive Rock.

E já que estamos falando das bandas que influenciaram muito a galera, e que muita gente hoje da nova geração não conhece, fala aí também do Moto Perpétuo…
R – Lembro que eu mais o Gerson Tatini fomos convidados pra entrar numa banda com um cara que “tinha umas músicas” – (o Guilherme Arantes) e lançar um disco. Eu e o Gerson éramos guerrilheiros e não estávamos numa de acompanhar nenhum canário, ninguém, então a gente brigava pelos arranjos, pelas idéias e era um caldeirão. A gente na época sofreu muito com isto e com a crítica que nos via como imitadores. Tinha uma tal de Ana Maria Bahiana, que nunca entendeu nada. Que Deus a tenha… Lembro de ter encontrado com o falecido Maestro Júlio Castilho, nos corredores da TV Cultura (que fez o arranjo de Carcará para a Maria Bethânia), um dos expoentes da MPB, e ele me dizer que até que enfim ele tinha ouvido alguma coisa rock que valia a pena. Outro dia comprei o CD que relançaram do Moto Perpétuo e está tudo OK era isto mesmo, tem tessituras e nuances maravilhosas, as sempre excelentes composições do Guilherme Arantes, que iria se firmar como um dos melhores compositores brasileiros, coisa que eu já dizia na época. Acho que o melhor disco do Guilherme Arantes é o do Moto Perpétuo… hehehehe.

A Audiomobile está muito bem estruturada no mercado… Como vão os “caminhõezinhos” do Egídio?
R – Apesar de uma época difícil para a música, pois as gravadoras esqueceram de investir e ensinar o público a ouvir música boa, vamos bem, com muitos projetos. Temos uma carteira de clientes fiéis que gostam do nosso trabalho. Hoje gravamos tudo em HD com back up em DA88.

O que você anda escutando em casa ultimamente?
R – Estava ouvindo Rammstein, que adoro, Creed, Duran Duran, Beatles, Ravel, Debussy, Brückner, etc, etc,

Ainda conserva tuas guitarras prediletas na cabeceira da cama?
R – Não agora elas ficam o dia inteiro comigo no estúdio. A mulher não deixa. Tenho a minha Les Paul Standard 1975. Comprei uma Washburn J9 Cherry, que é um sonho, um violão Martin D35 1972 e um Crafter novinho. Ainda tenho e uso meus dois True Reverb Giannini de 1967, originais. O Sólon do Vale já xingou minha mãe por causa deles… Quem ouve o som dos amps não acredita.

Um dia ainda vamos ouvir o Egídio tocando com alguém ?
R – Acho difícil, não dá mais tempo. Tem uma moçada nova que vale a pena ouvir. O bastão já foi entregue.

Fala aí uma grande alegria e uma grande decepção com o mundo do áudio…
R – Alegria é quando a música se impera acima de qualquer roupagem,
decepção, quando não há visão para reconhecer isto.

Bom meu velho, obrigado pela “canja” e deixa aqui alguma coisa que faltou se dita nesse rápido papo…
R – Acho que falei tudo, um abraço para todos os amigos, e companheiros de caravana, eu os amo muito. Obrigado pela oportunidade, meu amigo.”

 

Valeu pela oportunidade você Egídio… Por ter feito parte da nossa estrada, com a dignidade e o respeito que sempre pregou!!!

Nos vemos por aí… Onde quer que vc esteja, fica aqui a minha (nossa) saudade…

Faça muito barulho enquanto nos espera!!!

Amém.

Photo: Carlos Hyra (In memoriam) nos anos 70!!!